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sexta-feira, abril 10, 2009
A semente da verdade
Conto folclórico oriental
O imperador precisava achar um sucessor. Sem filhos, nem parentes próximos, ele decidiu chamar todas as crianças do reino.
Thai foi uma delas. Ele era um ótimo menino. Dedicava-se ao jardim de sua casa e cada planta tocada por ele crescia viçosa e forte.
No dia marcado, dirigiu-se até o palácio, onde havia milhares de pequenos súditos. O imperador disse:
- Crianças, preciso escolher o meu sucessor entre vocês. Vou lhes dar uma tarefa. Aqui estão algumas sementes e quero que vocês as cultivem. O trono será daquele que me trouxer, daqui a um ano, a planta mais bonita.
Thai era um excelente jardineiro e com certeza faria muito bem o que o imperador pediu. Porém, por mais que se esforçasse, a semente não brotava. O menino fez tudo o que podia, mas seus esforços não adiantaram.
Até o dia de apresentar a planta ao imperador, a semente de Thai não havia brotado e o menino estava tão preocupado que não queria enfrentar as outras crianças, porém seu avô disse:
- Você é honesto. Vá até o imperador e diga a verdade. Sua dedicação foi máxima, mas a semente não brotou. Não se envergonhe, querido, apenas explique o que você fez, pois devemos sempre agir com honestidade, buscando a felicidade, sem que a nossa alegria faça alguém infeliz.
Thai obedeceu ao avô e foi ao palácio. Entretanto, ao chegar lá, ficou assustado, pois era a única criança que não levava consigo uma belíssima planta.
O imperador chamava as crianças e examinava os vasos. Não sorria e nem esboçava contentamento.
Thai estava muito nervoso, pois se o imperador não havia até agora aprovado aquelas plantas maravilhosas, o que não diria de seu vaso sem nada?
Thai foi ficando para trás e, quando se deu conta, era o último da fila. Mas sua vez chegou e ele não poderia mais adiar o encontro com o imperador.
-Vejamos, meu jovem, o que tem aí para mim.
Thai não pôde mais evitar as lágrimas. Com a cabeça baixa, mostrou o vaso ao imperador e disse:
- Senhor, sou um jardineiro e uma de minhas virtudes é a perseverança, mas por mais que eu tenha me esforçado, a semente não brotou. Meu avô ajudou a pensar sobre o que fazer e optei por dizer a verdade, contar meu esforço e pedir-lhe perdão.
- Não se envergonhe, criança, você fez o certo. A sua grande virtude foi dizer a verdade, pois eu havia queimado todas as sementes e nenhuma poderia germinar. Portanto, você foi o único que, de fato, plantou a semente da verdade.
"Algumas vezes a verdade não é tão bonita quanto uma flor, mas precisamos encará-la com coragem para vencer os grandes desafios."
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No fim do ano passado, depois do show das Vozes Bugras no SESC Vila Mariana, havia um grupo de contadores de histórias encenando este conto. Laila sentou-se para assistir muito atenta. Ao final ganhou um feijãozinho, que plantou, com a colaboração do pai. Ele germinou e está enorme!
Que ela aprenda que sempre vale a pena ter coragem de enfrentar a verdade. Que o avô, que é a consciência, possa ser ouvido, mais do que os apelos da vaidade, e ela persevere na honestidade, por mais difíceis que sejam as situações que tenha pela frente. Para que seja uma mulher digna, e não passe a vida fugindo de si mesma, nem buscando justificativas para manter uma mentira, por mais que a aparência da verdade seja menos atraente. Que ela aprenda a amar, reconhecer e admitir a verdade, e a pedir perdão por um erro, ou por ferir, mesmo sem querer.
Amém
PS: mas que as fantasias inocentes possam tornar nosso mundo mais belo sempre.
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