
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer nacimentos -
O verbo tem que pegar delírio.
Poema VII do Livro das Ignorãças, de Manoel de Barros
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.