Talvez eu devesse ficar quieta, achar que eu é que faço tempestades em copos d'água, que não há nada demais numa omissão ou outra, pode ser só lapso de memória. Ou pode ser que eu esteja encanando, ou significando uma amarra e nada mais na vida de alguém, enquanto penso que o que nos une são laços. Talvez cada um sinta de uma maneira muito diferente o tecer de uma relação, ou talvez seja tempo de trocar os fios, e usar outros pontos, e criar outras estampas, outros bordados.
Outro dia li um artigo muito interessante na revista "Vida Simples", entitulado
"ninguém é perfeito", onde a autora, Elisa Correa, falava desse perfeccionismo do qual ficamos impregnados pela atitude consumista, querendo sempre o melhor produto, o melhor pacote, enfim, o melhor que o mercado tem a oferecer e transferimos isso para nossos relacionamentos, como se estes fossem mais um objeto de consumo, e não uma obra a ser produzida, construida, melhorada. Acabamos descartando as relações que não correspondem ao comercial de margarina, de creme dental, de férias na praia do cartão de crédito, da liberdade do cara só fumando um cigarro, e vamos em busca de outras que possam atender a nossa expectativa moldada à base de clichês. E vamos consumindo sem nos envolver em profundidade nas relações. Quem quer uma relação que significa uma corrente que o impede de ir passar um fim de semana sozinho viajando? Um bicho de estimação, um filho, um marido, uma mulher. Onde não há amor, tesão, carinho, cumplicidade, amizade, só podem haver obrigações, deveres, amarras. Laços são para presentes. E nada de singular se cria... é tudo uma sem-graceira só!
Mas o que é que eu estou querendo?
Descer o Rio Paraguai cantando as canções que não se ouvem mais?
Anabel