Agenda de performances, improvisações, lives, apresentações e espaço para considerações sobre atitudes cotidianas e suas reverberações no planeta. Bem vindo, bem vinda, bem vinde!
sábado, janeiro 13, 2007
Dissonâncias
Não, a vida não é justa ! pensou ela
justa fosse não descompassariam os amores
a ridícula rima amor/dor só caberia em passarelas
em samba enredos e boleros de qualidades discutíveis
Justa fosse
quereres seriam simples prazeres
“O amor é frio como a morte!”
quando ouviu essa frase pela primeira vez,
vinda da boca de um ator em cena
se riu e não creu, mas cráu...
a vida é cruel
Entrou certa vez em um mar tão gelado,
mas tão gelado, que era difícil perceber que estavam no verão
e seu coração (assustou-se, mais frio que o mar)
descompassado e machucado reafirmou-lhe
─ “...frio como a morte!”
improvável e insuportável temperatura
no que se supunha mero músculo pulsante
e o mais improvável (e não menos insuportável)
é que continuava viva,
falava, caminhava, cuidava
ria e chorava
até que um dia
a desagradável lembrança não era mais que isso
lembrança
mas que quando aflorava
trazia consigo (tanto tempo depois!) rastros do insuportável
do que nunca, em hipótese alguma
viveria novamente
até que um dia
quando pensou que a musica se faria...
dissonâncias
cráu,
a vida...
Luiza Viegas
imagem: Mario Ramiro
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quero cuidar muito do meu amor...
ResponderExcluirquero cuidar muito da música que quero escrever com você...
esse texto é lindo! parabéns pra Luiza!