terça-feira, abril 16, 2013

Coisas da Vida

Quando eu era (ou estava) jovem - entre 17 e 28 - me permiti fazer algumas aventuras, e muita gente ficou falando que eu era irresponsável, que eu tinha que voltar, o que os outros vão falar, que seria do meu futuro... Mas eu precisava viver aquela intensidade, tinha a sensação de que aquilo era um tesouro que eu teria para sempre na minha experiência. E com a consciência de minha divindade, nunca fui em busca de autodestruição, "apenas" aventura, algum risco, passos no desconhecido, no vir a ser. Claro, que uns bons porres fizeram parte...
Bem, talvez meu futuro daquele tempo, que é meu presente, não tenha sido tão confortável quanto de tantas pessoas que preferiram garantir suas contas, e confesso que é duro ter que matar uns leões por dia, e ter incertezas financeiras quase aos 50! Será que vai rolar show, corre atrás daquele edital, oficina de vez em quando... 
Mas aqueles momentos, aquelas passagens atrevidas, aquelas cantorias na rua de madrugada, beijos sob a garoa, semanas acampados comendo alga e peixe, aquele roteiro na sorte do próximo trem que partir, dançar no túnel, amar ao por do sol na praça, na praia, na rede, no mato, na canoa, no carro, dançar com o vento, o corpo nu, o ventre prenhe, caminhar na tempestade à beira mar, são momentos que eu trago como um gosto tão suculento e doce da vida, como se fossem pedras preciosas da Rede de Indra que é a vida, que me conecta eternamente a cada pessoa com quem os compartilhei. 
E vejo que foi bom não ser tão responsável e obediente e previdente. 
Na verdade, a gente precisa de tão pouco pra ser feliz, mas pode acontecer de ficar correndo atrás da ilusão de corresponder ao status quo... e não ter um prazer genuíno sequer, a não ser aquela fachada, aquele facebook cheio de postagens de estereótipos e chavões otimistas que não são vivenciadas no dia a dia.
Enfim, não tem fachada que possa proporcionar os ecos de uma verdadeira experiência. 
A energia que reverbera daquelas experiências ainda faz tudo ganhar um sentido bem mais profundo. A vida sem risco seria um fiasco...

Coisas da vida!