sábado, março 27, 2010

outros olhos

Ontem participei do workshop "Reeducação Visual" promovido pela Cia Danças em sua Sede, com a terapeuta Fernanda Leite Ribeiro, especialista no método de Meir Shneider, e saí com uma leveza no olhar, e o desejo de confundir os velhos padrões por onde absorvo o mundo. Reeducar o olhar, de modo que em lugar de esforçar-me por enxergar, permita que o mundo entre por meus olhos. Abrir lacunas no cotidiano para olhar ao longe, e relaxar o padrão de olhar tudo sempre de perto que ficou estabelecido com nossa evolução tecnológica. Desafiar o olho dominante. Aceitar com carinho certas consequências de uma dominância cruzada, em lugar de julgar-me menos capacitada... Olhar as estrelas do ponto de vista de um deus. Permitir-me mergulhar na mais profunda escuridão, o negro mais absoluto, onde de fato se pode descansar os olhos.
No monitor os olhos buscam em vão uma definição de imagem, e são iludidos por pixels em fluxos de luz, oscilam num nada. Dentro de mim flutuam no preto do espaço sideral.
"Volver a sentir profundo como un niño frente a Diós", também ouvindo na vastidão de dentro...
Prospectar a vida imensa. O olhar define e antecede a direção do deslocamento, move-se antes do corpo. O olhar central me diz "o quê", o periférico "onde". Um coisa, outro fluxos. As sincronicidades avisando que o olho que tudo vê é meu mesmo. É de cada um mesmo. Inclusive de todos. Para todos. E inventa a todo instante. Ainda que sem onisciência.

Anabel

domingo, março 21, 2010

Reaprendendo a receber mimos...

terça-feira, março 16, 2010

Tuluzi

Acabamos de adotar um gatinho, o Tuluzi, e já estamos num encantamento total com sua graça desmedida! Ele adora fazer companhia pra Laila, e explorar seus brinquedos... é muito nenezinho ainda... tá sempre grudadinho na gente. E exige carinho mesmo, até mia rouco! E quer tomar banho junto, já viu gato que chora porque quer entrar no banho?!? O Tuluzi faz isso. E curte dormir no vão atrás do piano, embaixo das nossas camas, nas prateleiras...
Um momento de novas companhias entrarem em nossa casa, compartilhar coisas simples, acolher, acarinhar, sorrir, rir, cantar, tocar, miar.

Anabel

sábado, março 13, 2010



Esta eu arrastei da Nina Victor, do seu delicioso blog Fátuo Sofisma.
Que bom ter amigos pra poder compartilhar a vida desse tamanho.
Bel

quarta-feira, março 10, 2010

Tempo sem tempo

José Miguel Wisnik

vê se encontra um tempo


pra me encontrar sem contratempo

por algum tempo

o tempo dá voltas e curvas

o tempo tem revoltas absurdas

ele é e não é ao mesmo tempo

avenida das flores

e a ferida das dores

e só então

de sopetão

entro e me adentro no tempo e no vento

e abarco e embarco no barco de Ísis e Osíris

sou como a flecha do arco do arco do arco-íris

que despedaça as flores mais coloridas em mil fragmentos

que passa e de graça distribui amores de cristais totais sexuais celestiais

das feridas das queridas despedidas

de quem sentiu todos os momentos
 
 
____________________________________
 
É porque a gente não procura que não encontra esse tempo que poderia ser o tempo que tudo pode curar a partir do encontro.
 
Anabel

segunda-feira, março 08, 2010

Que dia da mulher mais especial! Um presente do Universo. Parecia até uma abertura de portal, tantas "coincidências" e reverberações de novas escolhas...
Transmutando o fim de um ciclo de 7 anos iniciado num 8 de março... grandes aprendizados sobre ser e gostar de ser a mulher que sou, persistência, transformar mágoas em crescimento e compaixão, paciência, lealdade, perdão, limites e finalmente deixar ir. Também desse ciclo levo o aprendizado de ser mãe a cada dia...
Encontrei com uma amiga, parceira de som e luz no centro da cidade , daquelas que nos fazem reconhecer nosso eu mais profundo, identidade, sincronicidade, e, de repente, estavamos fazendo uma peregrinação pelos espaços sagrados daquele coração de Sampa... conectando com o divino invisível que tudo habita. São Francisco, Catedral da Sé, Nossa Sra. da Cabeça, Santa Luzia... clareando o olhar. Quando a gente se vê, se eleva. E como em "Avatar", ver o outro na totalidade, respeitando e comungando com ele, dá um sentido de pertencer. Tribo.
As esculturas pelas quais se passa de um jeito blasé em geral, hoje pareciam gritar pelo olhar.
ManaCá, que riqueza de encontro! 'Tudo que move é sagrado e remove as montanhas com todo cuidado."
Caminho novo se abrindo. Tempo.
Eu me sentindo tão viva, livre e bonita! Serena, e cheia de ansiedade... pulsando e abrindo espaços novos em mim.
Grata por tudo ser como é.

Anabel

sábado, março 06, 2010

Universidades abertas

Conversava com Penha, mestra e amiga querida, e ela me falou da UMAPAZ , Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz, sediada no Parque do Ibirapuera, gratuita e com diversas atividades de formação, voltadas sempre para as questões ambientais e a Cultura de Paz, em funcionamento desde 2005 (mesma idade da Laila!). É preciso inscrever-se com antecedência para os cursos, pois são bem concorridos, mas há palestras muito interessantes, para as quais basta chegar com 15 minutos de antecedência.
Outra que descobri hoje é a UNIAGUA , ong sediada em SP, que desenvolve parcerias com Secretarias de Governo, órgãos públicos, indústrias, empresas e demais gestores da educação ambiental, e junto à rede de ensino, com a missão de promover a proteção, preservação e recuperação da água no planeta, através do exercício da educação ambiental, de modo a assegurar para a atual e futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade.
E tem várias inicativas assim pelo Brasil e pelo mundo, contemplando como se deve e conscientizando para a finitude dos recursos do planeta. Demorou, mas ainda dá tempo de não piorar na mesma progressão que nos trouxe até o estado de alerta.

Bom nos conectarmos universal e universitáriamente. No tempo em que eu era adolescente e lia a revista Planeta, onde se abordavam essas questões, a gente era rotulado de bicho grilo - rsrsrsrs. Agora, citando a maravilhosa Rosinha de Valença, "os grilos são astros"! Que bom viver pra ver!

Anabel

PS.: E não esqueça de guardar o óleo usado na cozinha, basta esperar o óleo esfriar para não provocar queimaduras, tirar o excesso de água e restos de alimentos, acondicioná-lo em garrafa pet ou recipiente de vidro com tampa.e levá-lo até um posto de arrecadação.

sexta-feira, março 05, 2010

Primavera

José Miguel Wisnik



A primavera é quando ninguém mais espera

A primavera é quando não

A primavera é quando do escuro da terra

Acende a música da paixão

A primavera é quando ninguém mais espera

E desespera tudo em flor

A primavera é quando ninguém acredita

E ressuscita por amor



A primavera é quando ninguém mais espera

A primavera é quando não

A primavera é quando do escuro da terra

Acende a música do tesão

A primavera é quando ninguém mais espera

E desespera tudo em flor

A primavera é quando ninguém acredita

E ressuscita por amor


__________________________________________________________

"A primavera é quando ninguém mais espera E desespera tudo em flor"? Nada mais posso dizer...

Bel
Muitas mudanças acabam por trazer uma certa insegurança, coisas que fazem parte do crescer, e não adianta "jogar pra baixo do tapete".
Minha filha tá num momento de perceber-se já maiorzinha, conversa, dá exemplo, resolve pequenos conflitos, ajuda e colabora em tarefas, faz "lição de casa", mas diante de certos sentimentos e emoções, como raiva ou ciúme, ainda se põe a chorar... ainda no processo de aprender a lidar com a frustração. Claro que é bem diferente dos 3 ou 4 anos, mas ainda há uma construção, na qual meu papel como mãe é fundamental, ajudando-a a reconhecer e validar o que sente, e perceber qual a atitude adequada dentro de uma situação específica. Uma dose de regressão acompanha as transições... até mesmo quando nos tornamos adultos!
E o que eu aprendo é que o amor é generoso, mas que também mostra com clareza os limites. Limites para desenvolver um comportamento pró convivência social, e generosidade em aceitar e validar o que quer que se sinta, em vez de fazer de conta que não existem sntimentos que frustram, e construir um caráter cheio de indiferença e distanciamento afetivo, como se vê por aí um monte de gente educadíssima, que não consegue conectar em profundidade com o outro, fica sofrendo, presa aos bons modos, acreditando que corpo e alma podem ser assim domados.
A meu ver a meditação sim nos torna desapegados desse turbilhão emocional, e preenchidos de verdadeira compaixão, amor despido de preconceitos. Mas é um processo que exige dedicação, persistência, compromisso. Como todo processo de aprendizado e transformação. Como todo processo amoroso.
Eu reconheço a mudança acontecendo, pela insegurança que sinto ao ver-me tendo ou buscando novas atitudes diante de acontecimentos da rotina. E acolho os momentos de regressão...
... e as palavras, sempre as palavras amorosas e os elogios conseguem transformar mais do que julgamentos e reprimendas excessivas e constantes (inclusive conosco mesmo!). A vibração de cada palavra/pensamento/ atitude, não a coleção de letras sem coerência. Palavra corporificada.

Anabel