quarta-feira, abril 29, 2009



Brincando de Água de Mani (ago/2008).
Há uma infinidade de coisas com as quais tenho que lidar agora. Compromissos de identidade, de mãe, de artista, afeto, família, alma, trabalho, vínculos que escolhi e quero cultivar, crescer com eles, acreditando que dou conta da responsabilidade, e reafirmando minha liberdade em cada escolha, em cada laço.
Há momentos em que fico ansiosa, talvez com alguma dúvida lá no fundo, ainda, admito. Mas é natural, não sou super, nem quero ser. Sou humana, sou mulher.
E com tudo isso, meu corpo alvoroçado, sedento, esfomeado de carinho, de beijo, de gozo, de entrega, catarse, ainda consegue se sobrepor às coisas todas, desavisadamente. Um desejo imenso de outro corpo, por mais que eu me vire. Um desejo assim é quase uma ferida. Mas não dá pra passar qualquer remédio só pra amenizar... bobagem achar que qualquer tampa serve pra qualquer buraco. Mascarar só traz problemas, não soluções. Respiro. Me viro.
E esse vazio que antes eu preenchia com mil ilusões e enganos... vai findar. Não sei quando, mas sinto que vai findar.

segunda-feira, abril 27, 2009

O universo sempre conspirando a favor da mudança, manda seus sinais de que a noite está para acabar. O I Ching aconselha a cultivar sinceridade, simplicidade e serenidade, e a perceber o fluxo generoso da vida, o tempo das coisas amadurecerem, atingirem seu ponto de mutação, seu ápice, a morte e o início de outro ciclo. Tempo de desapegar, e de cuidar da verdade interior.

segunda-feira, abril 20, 2009

Minha querida amiga Cássia Maria, que maravilha ouvir tua perspectiva tão livre e deliciosa do amor! Te amo!
Compartilho aqui com vcs:
http://www.myspace.com/cassiamaria1

domingo, abril 19, 2009

http://www.youtube.com/watch?v=toHlMD50eYY&feature=related
Ia pra longe, lá pra Minas - que saudade - mas de repente uma voz que há tempos não reclamava nem falava alto, me chamou, e convidou para viajar pra outro lugar, bem lá dentro de mim. E a grande viagem deste feriado tornou-se o encontro comigo mesma.
Acordar no meu tempo, olhar para o céu azul de outono com um sol brilhando, e os passarinhos em algazarra na árvore do fundo do quintal, tocar meu velho piano, regar as plantas, tomar um longo banho, reconhecer meus sentimentos e não negá-los, nem brigar com eles, observar o caminho das emoções no meu corpo, deixar que passem, ler, escrever, acolher meu Eu, perdoar-me, perdoar o que já foi, cuidar-me, arrumar-me linda, colocar aquela calcinha que era pra ele, e ele nem olhou (ai ai ai, aí tem uma ponta de mágoa... reconhecendo, deixando ir...), meu brinco de pena novo, água de cheiro, sair e ver o que há lá fora, comigo mesma por companhia.
Sabe de uma coisa? Eu gosto dessa mulher. Gosto mesmo!

PS: As sincronicidades... me deparei com esta matéria no Personare, agora mesmo:
http://www.personare.com.br/revista/materia/141/va-em-frente-sem-olhar-para-tras

Faltando um pedaço

Djavan

O amor é um grande laço, um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha:
Tanto engorda quanto mata feito desgosto de filha

O amor é como um raio galopando em desafio
Abre fendas cobre vales, revolta as águas dos rios
Quem tentar seguir seu rastro se perderá no caminho
Na pureza de um limão ou na solidão do espinho

O amor e a agonia cerraram fogo no espaço
Brigando horas a fio, o cio vence o cansaço
E o coração de quem ama fica faltando um pedaço
Que nem a lua minguando, que nem o meu nos seus braços

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Confesso que tá doendo muito.

terça-feira, abril 14, 2009

Conversava com uma mãe, e ela me dizia que o filho, de 40 e poucos anos, a poupava tanto que não lhe contava nada de seus problemas. Me fez lembrar "O meu guri" do Chico Buarque. E pensar no sentido de poupar alguém para não lhe trazer infelicidade.
Pode-se pensar que o guri poupa a mãe da tristeza de saber de seus delitos, e esta faz que não vê, poupando-o também, com sua permissividade, de reconhecê-los, o que desde o princípio pode ter relação com a atitude inconsequente e delinquente do menino.
Num contexto mais consciente, poupar teria mais o sentido de evitar, pensar antes de agir de modo a trazer sofrimento para alguém. Diferente de ocultar, que é esconder a ação, não só para evitar o sofrimento do outro, mas principalmente o próprio diante do mal praticado, e da responsabilidade sobre o mesmo. Omitir-se, mentir, atitudes ocasionais que depois se transformam em hábitos, vícios, e a vida passa a girar em torno delas.
Além disso também me vem aquela questão do quanto é difícil definir os limites da intimidade entre pais e filhos. Nem ausente, nem invasiva, com confiança e liberdade para ser o que cada um é, e contar com o apoio que o outro sempre dará nos momentos de crescer.
Coisas para pensar...

segunda-feira, abril 13, 2009

DAR E RECEBER: UMA HISTÓRIA DE AMOR SOMÁTICA CONTÍNUA


È muito importante falar-nos a respeito da criança e do modo como as distorções do amor principiam na relação da criança com os pais. Contudo, é importante se aperceber de que, o tempo todo, estivemos falando do adulto. O adulto na família ensina à criança não-formada o modo de cuidar, o modo de se interessar, o modo de compartilhar, o modo de ser íntimo, o modo de brincar e trabalhar em conjunto. O adulto e a criança trabalham juntos num processo de corporificação para a formação do adulto.

Tornar-se adulto é uma exigência inata, um imperativo, um padrão de organização que existe tanto nas crianças quanto nos adultos. Esse tema formativo, com suas fases genética, jovem, adulta e idosa organiza nossa vida pessoal e familiar. Dessa organização vem a formação da necessidade, do desejo, da emoção e os aspectos psicológicos, corporais do self somático adulto. Esta é a função do cuidar, se interessar, compartilhar, ter intimidade e cooperar: são padrões de corporificação, doação e recepção.

Dar e receber é um processo adulto, e a família é uma organização de adultos dando a adultos. Essa é a dinâmica essencial dos quatro aspectos do amor. A criança aprende dos adultos como usar a ela mesma e aos outros por meio do tocar, olhar, respirar junto, mergulhando nos olhos um do outro, beijando, falando, trabalhando junto, experienciando a pressão e a temperatura do contato e cooperando.

Este dar e receber entre adultos é uma narrativa que levamos adiante ao longo de nossas vidas. Se for uma narrativa estagnada - sempre nos tocando, nos excitando, sendo íntimos na mesma postura de corpo - nos tornamos exaustos, entediados, atrofiados. No entanto, se for uma narrativa em movimento, em uma dança e em crescimento, nos tornamos verdadeiramente vivos.

Nossa narrativa de amar, desenvolvendo o uso dos nossos corpos nas quatro fases do amor, também é a tarefa do nosso tipo constitucional. Como a nossa maneira de dar inata - a ação do meso, o sentimento e proximidade do endo, a informação e atenção do ecto - é atendida? Se os ecto pensam que podem apenas dar atenção à distância, sem contato de pele, eles têm um problema. Do mesmo modo, os endo precisam saber que proximidade enquanto agarrar-se não é contato nem intimidade. Os meso aprendem que pressão e performance não são atos de amor, apenas a ternura o é.

Quando a generosidade de dar e a graça de receber são razoavelmente satisfeitas, é possível formar um self elástico e amoroso. Quando a generosidade e a confiança foram experienciadas, as relações amorosas podem se formar e ser compartilhadas com os outros. Nesse diálogo, buscamos para compartilhar nossos corpos e aquilo que foi dado a nós e, ao mesmo tempo, recebermos o que os outros oferecem. Nesse sentido, o amor é pulsatório e rítmico. É um buscar, um assimilar, um dar, um se reunir e um conter de variadas intensidades, à medida que crescem e minguam.

Amor é a disponibilidade de viver o processo formativo e ajudar os outros a viver o deles. É essa disponibilidade de agir com interesse, compartilhar, prover satisfação e estar conectado. É se mover e compartilhar dos processos da vida. É o dar a nossa abundância bioquímica, para expandir e respirar novas possibilidades. Em certos casos, pode envolver negar a nós mesmos, nos retrair e não compartilhar, mas permitir que os outros expressem a si mesmos.

O amor, à medida que floresce e viceja, compartilha sementes com outras vidas, como parte do grande continuum da existência. Essa maneira de olhar e trabalhar com o amor tenta reconhecer a natureza essencial da nossa vida, quem somos e ajudar-nos a corporificar nossa constituição inata de uma forma pessoal. Ser capaz de trabalhar com a nossa vida é ressoar em profundidade e respirar no espectro de formas somáticas que contêm o rio desta verdade. Quando sabemos como estamos no mundo, sabemos como podemos estar no mundo - quem somos, a imagem que carregamos, e a forma que é nossa maneira especial de existir. A terapia somática busca as respostas para estas questões, e mais: descobrir a expressão corporificada do amor como um processo universal, o fluxo da existência.


Em Amor e Vínculos, Uma Visão Somático-Emocional, Stanley Keleman, São Paulo, Summus Editorial, 1996

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Há muito para ver e viver por lá.

sábado, abril 11, 2009

Aos Profissionais da Dança do Estado de São Paulo


Frente às discussões em relação ao novo texto do Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFIC) - projeto alternativo à Lei 8.813, de 1991, a chamada Lei Rouanet, que regulamenta as formas de captação e canalização de recursos para as atividades culturais e artísticas, e a Proposta de Emenda Constituicional 150/03 ( PEC 150/03), que, se aprovada, determinará a vinculação de 2% dos recursos do orçamento da União - CONVOCAMOS TODOS OS PROFISSIONAIS DA DANÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO para uma REUNIÃO objetivando esclarecer, detalhar, discutir e apresentar propostas que serão encaminhadas ao MINC - Ministério da Cultura. Aproveitaremos o encontro para apresentar as discussões referentes ao COLEGIADO SETORIAL DE DANÇA (antiga Câmara Setorial de Dança) e as propostas de atividades de 2009, uma vez que estão sendo discutidos os Planos Setoriais de cada área.

LOCAL: FUNARTE/SP SALA GUIOMAR NOVAES
DIA: 15 DE ABRIL 2009
HORÁRIO
Primeiro Momento 16h - Esclarecimentos sobre as atuais Políticas Culturais que envolvem a Dança (Colegiado Setorial de Dança, Lei Rouanet, PEC 150/03 e Editais de Fomento à Dança)
Segundo Momento 19h - Apresentação de propostas e Encaminhamentos
ENDEREÇO:
Alameda Nothman 1058 - Campos Elíseos
Próximo às Estações Santa Cecília ou Marechal Deodoro do Metrô.
(11) 3662.5177

Esse encontro parte de uma proposta de:
Solange Borelli (Representante Suplente do Colegiado Setorial de Dança)
Cecília Arruda (Executiva do Movimento Mobilização Dança)
Camem Gomide (Presidente da Cooperativa Paulista de Dança)

sexta-feira, abril 10, 2009

A semente da verdade


Conto folclórico oriental

O imperador precisava achar um sucessor. Sem filhos, nem parentes próximos, ele decidiu chamar todas as crianças do reino.
Thai foi uma delas. Ele era um ótimo menino. Dedicava-se ao jardim de sua casa e cada planta tocada por ele crescia viçosa e forte.
No dia marcado, dirigiu-se até o palácio, onde havia milhares de pequenos súditos. O imperador disse:
- Crianças, preciso escolher o meu sucessor entre vocês. Vou lhes dar uma tarefa. Aqui estão algumas sementes e quero que vocês as cultivem. O trono será daquele que me trouxer, daqui a um ano, a planta mais bonita.
Thai era um excelente jardineiro e com certeza faria muito bem o que o imperador pediu. Porém, por mais que se esforçasse, a semente não brotava. O menino fez tudo o que podia, mas seus esforços não adiantaram.
Até o dia de apresentar a planta ao imperador, a semente de Thai não havia brotado e o menino estava tão preocupado que não queria enfrentar as outras crianças, porém seu avô disse:
- Você é honesto. Vá até o imperador e diga a verdade. Sua dedicação foi máxima, mas a semente não brotou. Não se envergonhe, querido, apenas explique o que você fez, pois devemos sempre agir com honestidade, buscando a felicidade, sem que a nossa alegria faça alguém infeliz.
Thai obedeceu ao avô e foi ao palácio. Entretanto, ao chegar lá, ficou assustado, pois era a única criança que não levava consigo uma belíssima planta.
O imperador chamava as crianças e examinava os vasos. Não sorria e nem esboçava contentamento.
Thai estava muito nervoso, pois se o imperador não havia até agora aprovado aquelas plantas maravilhosas, o que não diria de seu vaso sem nada?
Thai foi ficando para trás e, quando se deu conta, era o último da fila. Mas sua vez chegou e ele não poderia mais adiar o encontro com o imperador.
-Vejamos, meu jovem, o que tem aí para mim.
Thai não pôde mais evitar as lágrimas. Com a cabeça baixa, mostrou o vaso ao imperador e disse:
- Senhor, sou um jardineiro e uma de minhas virtudes é a perseverança, mas por mais que eu tenha me esforçado, a semente não brotou. Meu avô ajudou a pensar sobre o que fazer e optei por dizer a verdade, contar meu esforço e pedir-lhe perdão.
- Não se envergonhe, criança, você fez o certo. A sua grande virtude foi dizer a verdade, pois eu havia queimado todas as sementes e nenhuma poderia germinar. Portanto, você foi o único que, de fato, plantou a semente da verdade.

"Algumas vezes a verdade não é tão bonita quanto uma flor, mas precisamos encará-la com coragem para vencer os grandes desafios."

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No fim do ano passado, depois do show das Vozes Bugras no SESC Vila Mariana, havia um grupo de contadores de histórias encenando este conto. Laila sentou-se para assistir muito atenta. Ao final ganhou um feijãozinho, que plantou, com a colaboração do pai. Ele germinou e está enorme!
Que ela aprenda que sempre vale a pena ter coragem de enfrentar a verdade. Que o avô, que é a consciência, possa ser ouvido, mais do que os apelos da vaidade, e ela persevere na honestidade, por mais difíceis que sejam as situações que tenha pela frente. Para que seja uma mulher digna, e não passe a vida fugindo de si mesma, nem buscando justificativas para manter uma mentira, por mais que a aparência da verdade seja menos atraente. Que ela aprenda a amar, reconhecer e admitir a verdade, e a pedir perdão por um erro, ou por ferir, mesmo sem querer.
Amém

PS: mas que as fantasias inocentes possam tornar nosso mundo mais belo sempre.

Ah, abrir a janela e ver esse dia lindo, ir ao parque com minha filha, caminhar, fazer pic-nic, pintar um velho móvel jogado no fundo da casa com ela, dar um tempo pra mim. Nossa, enfim um feriado de verdade!
Nada a fazer, apenas respirar.
O tarot me fala da Imperatriz.

quarta-feira, abril 08, 2009

Dispenar


Juraildes da Cruz

Olha a chuva chovendo chovendo
Chovendo a chuva caindo
Olha a chuva molhando molhando
Olha o mar do amor se abrindo

Olha o sol clareando clareia
Olha o povo na areia corando
cada coração que norteia
é mais uma estrela brilhando

Cada sorriso que vejo
vejo um motivo nascendo
cada jeito tem seu povo
e um povo de um jeito sereno
(e esse povo é de um jeito sereno)

O lugar mais profundo
ou o mais alto do mundo
diante do grande é pequeno

O mistério do mar
quem sabe o sal tá sabendo
no critério dos sábios
sobe quem vem descobrindo

A humanidade é
as penas de um passarinho, dispenando
que veio ao chão de pé no chão, penujando
Pra sair do chão é sertão, acertando
Dispenando desempenando as penas pra voar
Dispenando desimpenar apenas voando

Olha a terra girando no espaço
passos caminhando
cada volta em volta do sol
tão alto e meus pés clariando

Olha o sol clareando clareia...

foto: Thraupis cyanoptera (sanhaço-de-encontro-azul)
Oscilando ainda, mas já prestando mais atenção às tantas coisas bonitas que há pra se ver, principalmente quando se expurga o feitiço dos sentidos, amortecidos de tanto eu querer crer nas palavras de um ser que me enganava, e eu sabia.
Já estou voltando a mim. O passado é uma roupa que não me serve mais.

domingo, abril 05, 2009

Acabei com tudo. Escapei com vida...
Só sei que estou mais leve. Sei que sou mulher, me sinto bonita prenha de mim. Um tesão estranho me deixa macia a alma. Um vento novo.

Eu sei que os vícios são difíceis de largar: nos primeiros dias, é aquela euforia, depois é que vem o trabalho da vontade mesmo. Mas só por um dia, e só por mais um dia, e mais um e mais um, e lá se vão anos.
Esquecer, deixar ir o que não dá mais pra sustentar, viver minhas histórias, minha história. Só ser.

Quem é essa Anabel que agora começa? Não sei. Sei que gosto dela.

quarta-feira, abril 01, 2009

Índigo Bororo!

Lágrimas de Diamantes


Composição: Moska

Não se preocupe mais
Com minha imperfeição
Não se pergunte mais
Porque me disse não

Se eu não procuro agora
O que encontramos antes
É só porque a noite chora
Lágrimas de diamantes

Lágrimas de diamantes
À noite, lágrimas de diamantes
De dia lágrimas, à noite amantes
Lágrimas de diamantes

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É como aquele momento de despedida de um lugar encantador, do qual não queriamos voltar mais, mas sabemos que é hora de partir. Dá um aperto no peito, uma vontade de ficar só mais um pouquinho. Mas chegou a hora.
Assim me despeço das ilusões de família, cumplicidade, companheirismo, tesão ímpar, casinha com ateliê, jardim pra cuidar e ver que matinhos vão nascer, criações em parceria.
Não dá pra morar em castelo de areia.
Agora entendo.

Achei melhor me expor menos por um tempo, então tirei do ar o texto de ontem, guardei como rascunho, e trouxe uma canção que diz bastante há muito tempo.

Ana, guardo seu comentário com carinho. O verdadeiro amor é vão.

Bjo