segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Ansiosamente

Escrevo para dar notícias neste 2009, que já começou começado, cheio de compromissos agendados, e que já me faz sonhar com um momento de pura contemplação, ou relaxamento.
Ansiedade nas tampas, hora de aterrar, enraizar, senão inflo e saio feito um balão maluco, fazendo e fazendo, sem respirar, sem olhar com atenção, sem sentir cheiro, nem reparar na música do dia. Só no desempenho.

Outro dia assistia a uma entrevista, com Washington Novaes falando de uma de suas primeiras longas estadias entre os indígenas, e da percepção dele mesmo naquele momento, pensando-se tão despojado, entretanto ainda tão distante da simplicidade de viver no presente, sem acumular, mas atento a cada sinal do ambiente, integrado de fato ao seu meio. Mais uma vez me veio aquela sensação de que é doentio esse nosso modo de viver hiperprodutivo.

Quanto de tudo o que temos é realmente necessário? Penso nas crianças que, tendo sua consciência do presente ainda sem a contaminação da ansiedade do futuro, têm seu período de descobertas, de brincar sem pressões por resultados, encurtado, encurralado, como se tivessem que mostrar-se geniais já na primeira infância. Há todo o meio social e cultural já trazendo um excesso de informações, que inevitavelmente elas vivenciam, mas é seu universo lúdico que é precioso como fonte de aprendizado, e não precisa de tecnologia nenhuma para que ela o explore.
Precioso é o nosso olhar atento e sensível, nossa presença e nosso apoio para ela ser quem ela é, e não um projeto que idealizamos para seu futuro - muitas vezes fruto da nossa vaidade, se bem analisarmos. Porque todos querem ter uma criança precoce hoje em dia, mas poucos falam de criar uma criança feliz, pois felicidade não garante seu desempenho no futuro.

Mas o presente, é um presente, e cultivar essa presença, em meio a tanta ansiedade, é um desafio, que nem sempre enxergamos no tempo certo. É bom abrir os olhos, aguçar os sentidos, aproveitar as brechas, sem tanto desespero pela produtividade, e mais cuidado com os tesouros escondidos nas atitudes mais ternas.

Anabel

Um comentário:

  1. Oi Flôr..

    Tava com saudades das suas "escrivinhações"...

    E como precisamos aguçar os sentidos!!! Tá faltando ternura demais.....precisamos estar sempre atentos a isso...

    Beijão.

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