domingo, maio 11, 2008

Conflito de corpos

Conflito de corpos, da cultura inscrita nos corpos, das histórias que os corpos carregam, pessoais, sociais, do tempo dos corpos...

Ela, mesmo com a retaguarda erguida, convidou-o pra dançar. Ele entrou na roda, meio sem jeito, "que é que os outros vão falar?"
Ela madura, contemporânea, num balé rastejante, serpenteiro, descalço.
Ele Bboy nascente, em arcos e quebras, cuidando pro tênis não pisar onde não podia.
Eu vi. Os dois assustados, mas procurando as possibilidades daquele diálogo esférico.
Não havia câmera pra filmar aquela riqueza daquele momento ímpar.
Naná com o berimbau "Já que tu não quer saber de mim"...
Quando a improvisação acabou, cada um tomou seu rumo. Ele foi embora com a turma, como se tocasse a sineta da escola. Ela ficou e comentou o quanto aquela experiência a fizera sentir-se "em risco".
Não sei o que virá disso, espero que possa ser um caminho, e que eles acreditem que é possível esse diálogo alcançar uma contaminação. Mas às vezes o medo do novo é mais forte do que a ousadia de, não tendo um passo pra mostrar, dá-lo na dança.
Eu torço pra que eles ousem vir ao menos mais uma dúzia de vezes.
Pena eu não ter câmera filmadora.
Mas registrado está. Eu vi. Eu estava lá. E dançava com eles também.

Anabel

PS.: sobre o encontro da Dança Vocacional na Casa de Cultura Tremembé de quinta-feira, 08/05/2008.

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